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Possível desvio de R$ 40 milhões na Cemig é alvo de investigação

São Paulo – A Polícia Federal (PF), a Receita Federal e o Ministério Público Federal realizaram ontem a operação “E o Vento Levou”, para apurar possível desvio de R$ 40 milhões da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) por meio de contratos superfaturados e falsos de sua controlada Renova Energia.

Além disso, outros contratos da empresa de energia limpa no valor de cerca de R$ 200 milhões ainda estão sob investigação, segundo as autoridades.

O delegado da PF Victor Hugo Rodrigues Alves disse, em entrevista a jornalistas em São Paulo, que os indícios apontam para um esquema que teria envolvido um contrato superfaturado com a desenvolvedora de projetos eólicos Casa dos Ventos pela compra do chamado “projeto Zeus”, com os recursos desviados passando por cinco camadas de lavagem de dinheiro até chegarem aos possíveis destinatários finais.

As investigações contaram com a colaboração de um executivo da Casa dos Ventos, um da Renova e um de uma empresa que teria sido utilizada para movimentar os recursos, a Barcelona Capital, acrescentou o delegado.

“Até o momento, o que sabemos é que os repasses eram determinados por executivos da Cemig, da Codemig (empresa do Estado que atua na realização de obras) e da Andrade Gutierrez – dois na Andrade, um na Codemig e um na Cemig”, afirmou o procurador da República Vicente Mandetta.

A operação chegou a pedir sem sucesso a prisão temporária de pessoas, incluindo o ex-presidente da Cemig, Djalma Bastos de Morais, e um dos fundadores da Renova, Renato do Amaral Figueiredo, segundo documento obtido pela Reuters com uma fonte a par das investigações.

O procurador Mandetta afirmou que a operação de ontem envolveu ações de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, incluindo a sede da Cemig, e que foram feitos seis pedidos de prisão temporária pela polícia, com manifestação favorável do MPF para três deles, embora nenhum tenha sido deferido. Ele não citou nomes.

“Quando os valores chegavam à última camada de lavagem de dinheiro, eles chegavam a uma empresa em que haviam sido detectadas operações de câmbio fraudulentas. Isso também está sob investigação, há uma suspeita aí de que, além da geração de valores em espécie para distribuição aos beneficiários, possa ter havido dinheiro evadido ao exterior”, afirmou ele.

De acordo com as autoridades, as investigações entendem que os valores desviados da Renova seriam decorrentes de um aporte de recursos da Cemig na empresa, configurando recurso público, uma vez que a elétrica mineira é controlada pelo governo do Estado.

“Projeto Zeus” – Segundo a polícia, o desvio teria acontecido por meio de um contrato de compra do “projeto Zeus” junto à Casa dos Ventos, que teria a sido superfaturado em R$ 40 milhões, gerando um recurso extra que trafegou por empresas de fachada até ser transformado em dinheiro em espécie.

A Reuters havia publicado em maio do ano passado que a Polícia Civil de Minas Gerais investigava supostos desvios de recursos da Renova no “projeto Zeus”, com informação de uma fonte.

As investigações da PF teriam apontado ainda que, dos R$ 40 milhões desviados, até R$ 15 milhões teriam sido usados para bancar comissões para os operadores financeiros envolvidos e até para pagamentos de tributos, como forma de dar aparência de licitude às transações.

Segundo a PF, alguns contratos da Renova com outras empresas ainda são alvo de apuração por terem características similares aos envolvidos nos desvios identificados.

“São contratos no valor de R$ 200 milhões com outras empresas. As características são muito semelhantes”, disse o delegado Rodrigues Alves.

A Cemig é uma das proprietárias da Renova junto à sua controlada Light e aos fundadores da empresa, por meio da holding RR Participações.

A Casa dos Ventos disse em nota que nem ela nem seus executivos foram alvo de busca e apreensão, acrescentando que “por iniciativa própria, já vem colaborando com as autoridades na apuração dos fatos, ocorridos há cinco anos”.

A Cemig afirmou que “está em total colaboração com as autoridades e que também tem interesse na rápida evolução dessas investigações”.

A Renova disse em comunicado que “prestará todas as informações necessárias para auxiliar os trabalhos da PF e do Poder Judiciário”. Não foi possível falar de imediato com representantes da Andrade Gutierrez.

Já o “projeto Zeus”, origem dos desvios, seria um conjunto de parques eólicos com 676 megawatts em capacidade na Bahia, mas nunca saiu do papel.

Em 2016, a Renova descartou de vez a implantação das usinas, tendo no ano seguinte realizado uma baixa contábil de R$ 181 milhões por aportes já realizados no empreendimento. (Reuters)

Inquérito inclui delação premiada

São Paulo – Segundo o inquérito da Polícia Federal (PF), as autoridades investigavam uma empresa que operaria com lavagem de dinheiro, o Grupo Claro, quando encontraram a Casa dos Ventos entre seus clientes.

Após intimação, a Casa dos Ventos teria reconhecido ter feito pagamento à Claro sem efetiva prestação de serviços, e um dos diretores da empresa de energia eólica, Clécio Eloy, acabou por apresentar proposta de delação premiada.

Posteriormente, também colaboraram com as investigações o ex-diretor jurídico da Renova, Ricardo Assaf, e o operador Francisco Vila.

Segundo as autoridades, a movimentação para os desvios começou logo após um aporte bilionário de recursos da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) na Renova, por meio da qual a empresa mineira passou a ser uma das controladoras da companhia de energia limpa.

“Quando ocorre o aporte da capital na Renova, os acionistas e diretores da empresa começam a ser insistentemente cobrados e pressionados pelos executivos da Andrade Gutierrez e da Cemig para escoarem o dinheiro pago como sobrepreço no projeto Zeus/Tombador o quanto antes”, afirma o relatório da PF.

Em sua delação, Assaf disse que tratava dos desvios junto ao então presidente da Cemig, Djalma Morais, e com os sócios da Renova Ricardo Delneri e Renato Amaral e o ex-CEO da empresa Mathias Becker, além de um executivo da Andrade Gutierrez Saulo Alves Ferreira. (Reuters)

Presidente da AL, Nininho e mais 12 são denunciados por desvios de verbas da AL

O presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho, o deputado Ondanir Bortolini conhecido como Nininho e mais 12 pessoas foram denunciadas nesta terça-feira (25), pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por meio do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco – Criminal).

De acordo com o órgão ministerial, o grupo teria desviado aproximadamente R$ 600 mil referentes a recursos públicos oriundos de verbas indenizatórias nos anos de 2012 a 2015. Eles são acusados dos crimes de associação criminosa, peculato e destruição de documentos públicos.

Os fatos foram apurados pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), na operação “Dejá vú”.

Além dos atuais parlamentares foram denunciados: o ex-deputado e atual prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro; os ex-parlamentares José Antônio Gonçalves Viana, José Geraldo Riva e Wancley Charles Rodrigues de Carvalho.

Hilton Carlos da Costa Campos, Vinícius Prado Silveira, Geraldo Lauro, Ivone de Souza, Renata do Carmo Viana Malacrida, Tschales Franciel Tschá, Camilo Rosa de Melo e Ricardo Adriane de Oliveira.

Empresas de fachada e notas frias

Consta na denúncia, que para garantir êxito na empreitada criminosa os denunciados contaram com a colaboração de Hilton Carlos da Costa Campos e Vinícius Prado Silveira, que inclusive já são réus em outra ação penal.

Eles ficaram incumbidos de constituir empresas de fachada com a finalidade de emitir “notas frias” em favor dos deputados e ex-parlamentares. Em contrapartida, recebiam um percentual sobre o valor nominal do documento fiscal.

Segundo o MPMT, foram apuradas 89 notas fiscais “frias”. Com o denunciado José Antonio Viana foram constadas 23 notas, equivalente a R$ 149.545,00; com Ondanir Bortolini, 16 notas no valor de R$ 93.590,35; com Emanuel Pinheiro foram 13 notas, no valor de R$ 91.750,69; com José Geraldo Riva, oito notas fiscais no valor R$ 56.200,10; com Wancley Charles Rodrigues de Carvalho, duas notas no valor R$ 11.252,00; e com José Eduardo Botelho, uma nota fria no valor de R$ 7.143,00.

Ainda de acordo com o órgão ministerial, os documentos públicos relacionados às verbas indenizatórias investigadas “simplesmente sumiram, seja dos escaninhos da Secretaria da AL/MT (onde deveriam estar arquivados os memorandos, como nos gabinetes de cada um dos parlamentares (onde deveriam estar arquivadas as vias protocoladas e as notas fiscais que lastrearam o pagamento da indenização)”. (Com informações do MPE)

Presidente da empresa que administra o Porto de Santos é preso em ação contra fraudes

O porto por onde passa um terço do produto interno bruto do país, foi usado para fraudes e corrupção

O porto de Santos, por onde passa um terço do produto interno bruto do país, foi usado para fraudes e corrupção. De acordo com a força tarefa criada para investigar a quadrilha, o grupo que comandava a Companhia Docas do Estado de São Paulo, a CODESP, fraudava licitações. 

As investigações começaram depois da divulgação de um vídeo postado na internet em setembro de 2016, em que o assessor do presidente da CODESP confessou a prática de delitos ocorridos na comapania.

O ministério dos transportes indicou Luiz Fernando Garcia como novo presidente da CODESP.

Operação Tritão: Luiz Fernando Garcia assume presidência da Codesp
 

Luiz Fernando Garcia assumirá o cargo de diretor-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), no lugar de Alex Oliva. Já o atual presidente do conselho de administração, José Alfredo de Albuquerque e Silva, será o novo diretor de relações com o mercado e comunidade da companhia, substituindo Cleveland Sampaio Lofrano. A decisão foi tomada pelo conselho de administração da autoridade portuária nesta quarta-feira (31), após os desfechos da operação Tritão da Polícia Federal, deflagrada na manhã de hoje. A operação apura suspeitas de fraude em licitação e corrupção em contratos da estatal que somam R$ 37 milhões. Segundo a PF, o grupo atuava em processos licitatórios das áreas de tecnologia da informação, dragagem e consultoria.

Ao todo, sete pessoas foram presas temporariamente, com duração de cinco dias, e 21 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em São Paulo, Santos, Barueri, Guarujá, São Caetano do Sul, Rio de Janeiro, Fortaleza (CE) e Brasília (DF), todos expedidos pela 5ª Vara da Justiça Federal de Santos. Entre os presos o então diretor-presidente, Alex Oliva, o diretor de relações com mercado e comunidade, Cleveland Lofrano, além do superintendente jurídico da Codesp, Gabriel Nogueira Eufrasio. 

Em nota divulgada na tarde desta quarta-feira, o conselho de administração da Codesp informou que a substituição levou em consideração a consciência da “responsabilidade e comprometimento com a governança e operação do maior porto da América Latina”. A companhia informou ter tomado conhecimento da operação durante reunião ordinária que estava previamente programada para hoje. O Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (MTPA) indicou Ogarito Borgias Linhares para ocupar a presidência do conselho de administração da Codesp, após indicação da diretoria executiva da companhia. 

O nome da operação policial remete a Tritão, na mitologia grega, conhecido como o rei dos mares. A investigação, que começou no ano passado, teve a participação do Ministério Público Federal (MPF), da Controladoria Geral da União (CGU), do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Receita Federal. As suspeitas de irregularidades surgiram com um vídeo postado na internet em setembro de 2016, no qual Carlos Antônio de Souza, assessor do presidente da Codesp, confessava a prática de diversos delitos ocorridos na empresa. O inquérito teve início em novembro de 2017, após informação sobre o conteúdo do vídeo ser enviada pelo Ministério Público Federal à PF, para que fosse feita uma investigação policial a partir dos fatos que ele narrava.

Os autos apontaram irregularidades em vários contratos, que seriam realizados por meio de fraudes envolvendo agentes públicos ligados a estatal e a empresários. Dentre as irregularidades apuradas, as investigações identificaram contratações antieconômicas e direcionadas, aquisições desnecessárias e ações adotadas para simular a realização de serviços. Segundo a PF, os investigados responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de associação criminosa, fraude a licitações, corrupção ativa e passiva, com penas de 1 a 12 anos de prisão.

 

Um mandato de R$ 168 MI

Nenhum eleito em 2014 enriqueceu mas do que o deputado estadual Zeca Viana.

JOSÉ ANTÔNIO GONÇALVES Viana encara perguntas difíceis com a naturalidade de quem se sente intocável.

“Isso jamais me passou pela cabeça”, respondeu-me, sem transparecer indignação, quando lhe perguntei o que tinha a dizer sobre a denúncia de que teria contratado um pistoleiro para matar um adversário político.

Conhecido no Mato Grosso como Zeca Viana, o produtor rural e deputado estadual candidato à reeleição é dono de um patrimônio que, em quatro anos, passou de R$ 87 milhões para R$ 255 milhões, um crescimento de R$ 168 milhões. “São várias areazinhas (sic)”, deu de ombros, quando questionado sobre os 35 mil hectares de terras que controla – a maior parte, próprias; outras, arrendadas. Cultiva soja, milho e feijão. Zeca Viana é o senhor de uma área maior que Belo Horizonte.

Seu salto patrimonial declarado ao Tribunal Superior Eleitoral foi o maior do país entre políticos eleitos em 2014 que vivem em cidades com até 100 mil habitantes*. Assim como no caso do candidato Doda de Tião, nós decidimos conhecer Zeca Viana e seus domínios para entender como opera o poder político e empresarial longe dos holofotes da imprensa nacional em municípios que representam a esmagadora maioria do Brasil. “Percebi, em 2010, que eu estava com [o valor declarado] das minhas áreas totalmente defasado. Antigamente, se pagava imposto sobre o valor [declarado] da área, então sempre declarávamos um valorzinho (sic) mínimo”, relatou, confessando uma possível fraude fiscal como quem comenta a previsão do tempo. “Aí vi que tinha fazendas que valiam milhões [declaradas] por cruzeiros (sic) e fomos atualizando”, explica, sobre o aumento de patrimônio.

Zeca Viana recebeu o Intercept no gabinete que mantém na cidade em que vive há mais de 30 anos, Primavera do Leste. Localizada 240 km a leste de Cuiabá e com pouco mais de 60 mil habitantes, é uma das tantas localidades da região que cresceu de forma impressionante na esteira do dinheiro grosso gerado pelo agronegócio no oeste do país.

A cidade de apenas 32 anos tem infraestrutura notável para os padrões brasileiros – só uma via da área urbana ainda não tem asfalto –, IDH, o índice que mede o desenvolvimento humano de um local, é maior do que o da turística Campos do Jordão, a renda média mensal por domicílio (de R$ 2,1 mil) é quase mil reais acima do padrão brasileiro, e o PIB per capita de mais de R$ 50 mil está 20% acima da média nacional.

Primavera do Leste impressiona quem, como eu e o repórter fotográfico Theo Marques, chega ali pela primeira vez. Há bairros coalhados de mansões de fazer inveja a novos-ricos do eixo Rio-São Paulo, supermercados com prateleiras forradas de vinhos e uísques importados, escritórios de arquitetura que caberiam no Leblon, e uma clínica de cirurgia plástica que, pelo tamanho da casa e opulência da fachada, não parece ter problemas para diminuir papadas e endireitar narizes.

Os saudáveis índices econômicos escondem a verdadeira cidade. Primavera do Leste é visivelmente segregada: o centro, onde vivem os ricos, fica de um lado da MT-130, rodovia que corta o município; os bairros pobres, do outro – ainda que não sejam miseráveis como nos grandes centros urbanos.

Moradias populares em bairro periférico de Primavera do Leste.

Do outro lado da MT-130, pobreza.

 

Foto: Theo Marques/The Intercept Brasil

A fortuna de Zeca Viana não causa espanto no local. “Ninguém dá muita bola. Tem gente bem mais rica que ele aqui”, me resumiu um jornalista local que pediu anonimato. “Vê a casa dele? Tem outras muito, muito maiores.”

Pode ser. Mas dê uma olhada na evolução patrimonial de Zeca Viana entre 2006 – quando ele chegou a registrar uma candidatura a deputado estadual para depois desistir da disputa, declarando pouco mais de R$ 2,6 milhões em bens –, e 2018: um salto de 9.635% em 12 anos.

“Eu sabia que era por causa disso”, me disse Viana quando nos recebeu em seu escritório e ouviu a pergunta sobre a montanha de dinheiro que declarou ao TSE. Após ordenar a um assessor que gravasse sua resposta, “porque quero que vocês escrevam na íntegra o que eu vou falar”, ele ironizou a pergunta sobre se o crescimento de seus bens tinha a ver com sua atividade política.

“Para vocês da imprensa sempre tem irregularidade”, disse, antes de reclamar: “Tenho certeza absoluta que tem vários políticos com cinco, seis vezes mais patrimônio do que eu e não aparecem com um quinto do que eu tenho. Mas daí tudo bem. Para a imprensa, o correto é ocultar patrimônio.”

Fato é que seu patrimônio ajuda a cravar as estacas da oligarquia dos Viana na cidade. Como já está acontecendo.

Só dois prefeitos em 25 anos. Ambos ruralistas

A sala de espera do gabinete, localizado na área administrativa de um antigo armazém de agrotóxicos, está sempre cheia quando ele está por lá. Naquela segunda-feira de setembro em que esperávamos ser recebidos pelo político, a lotação era tamanha que, mesmo não sendo nem 10 horas da manhã, o pequeno aparelho de ar condicionado lutava sem sucesso para dar conta do calor de quase 30 graus.

Dividíamos o espaço com alguns agricultores, de chapéu na cabeça e botinas de couro rústico nos pés, e uma moça com capacete de motociclista na mão. Estavam de pé. Outros homens, sentados e vestidos com camisas e botas de grife, comentavam entusiasmados as intenções de voto em Jair Bolsonaro. Numa pequena mesa e num balcão, havia jornais e santinhos de campanha.

“O Zeca, pode ser o dia que for, se você chegar aqui, ele te atende”, comentava um dos sujeitos com ar de ruralista ao vizinho de poltrona. “Ali tem gente que [veio] para tratar de negócios, outros para tratar de política. Aquele senhor de chapéu me representa na cidade vizinha, Poxoréu“, me responderia o deputado, depois, quando o questionei quem eram as pessoas que estava conosco na sala de espera. “Deve estar agoniado para me pedir alguma coisa porque eu só mandei material [de campanha] para ele.”

Zeca Viana nasceu em 1956 em Ampére, uma cidadezinha do sudoeste do Paraná que hoje tem pouco mais de 18 mil moradores. Cresceu na roça, filho de um pequeno agricultor que era fã de Leonel Brizola. “Meu pai era carioca, brizolista. Quando Brizola voltou do exílio [em 1979] fomos lá em Foz do Iguaçu [onde o político desembarcou vindo do Paraguai]. E a gente criou o PDT em Ampére”, lembrou.

Com alguns irmãos, perambulou pelo Paraná produzindo em terras arrendadas até juntar dinheiro suficiente para comprar uma área no Mato Grosso – chegou a Primavera do Leste em 1985, um ano antes da emancipação do município.

Uma pessoa que acompanha a história da cidade desde o início e que pediu para não ser identificada me contou que Getúlio Viana, irmão de Zeca e de quem falaremos mais adiante, gosta de contar que trouxe toda a mudança da família num Chevette. Eram tempos em que havia tanta terra disponível na região que um dos pioneiros chegou a trocar uma área de centenas de hectares por um carro usado.

Em 1985, quando os Viana chegaram aonde hoje está Primavera do Leste, o lugar era apenas um distrito da agora bem menor Poxoréo – a emancipação viria no final do ano seguinte. Não havia uma única rua asfaltada. As levas de migrantes que subiram do Sul do país para a região também levaram os grandes adversários políticos dos Viana ao município: a família Piana.

“Por 24 anos e oito meses, o comando de Primavera do Leste ficou entre Érico Piana, que foi prefeito por quatro vezes, e Getúlio Viana”, contou-me um observador da política local que pediu anonimato. Como vocês já devem ter percebido, ninguém gosta de abrir o bico por lá. Érico Piana, hoje afastado da política, também é produtor rural. O que significa dizer que o ruralismo manda na cidade desde seu nascimento – o ciclo só foi quebrado em 2016, quando Leonardo Bortolin, do MDB, filho de uma família de classe média e com passagem pela União da Juventude Socialista na adolescência, aproveitou-se de uma crise política local para eleger-se prefeito.

Getúlio Viana chegou à prefeitura pela primeira vez em 2004 e conseguiu a reeleição quatro anos depois. A carreira política de Zeca, o mais novo de três irmãos, começou apenas em 2010, graças, segundo ele, a outro figurão local, esse com sobrenome famoso em todo o país: José Nardes, irmão de Augusto Nardes, relator do processo das pedaladas fiscais no Tribunal de Contas da União, estopim para o impeachment de Dilma Rousseff, atualmente enroscado na Lava Jato e com a Polícia Federal.

“José Nardes era nosso candidato a deputado estadual, mas fez um acordão, renunciou à candidatura e declarou apoio a nossos adversários. Daí Getúlio falou que eu tinha que ser candidato a deputado estadual. Foram 55 dias de campanha, e eu me elegi”, contou-me Viana.

‘Se tu mudar o que eu disse, vai ter problemas’

“Getúlio é que mudou de lado. Eu fiquei onde estava e retirei minha candidatura”, reagiu José Nardes, um sujeito que fisicamente se parece muito com Zeca Viana e é o atual presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste.

“[Zeca Viana] Não é meu desafeto. Mas acho um absurdo um deputado ficar oito anos representando sua cidade e não trazer uma emenda sequer. A única ressalva que eu tenho é essa aí. Como pessoa, problema nenhum”, ele disse, mostrando uma visão bastante pragmática da política.

Num impresso com tiragem de 25 mil exemplares – quase um para cada dois moradores da cidade – que fez questão de me entregar, Zeca Viana lista mais de R$ 2 milhões em obras e outros benefícios para a região que diz ter enviado a Primavera do Leste. A principal ligação entre os lados rico e pobre é um viaduto sob a rodovia, que o deputado garante ter sido concluído graças a um pedido dele ao governo federal, em 2016.

Apesar disso, a reclamação de Nardes me foi repetida por muita gente em Primavera do Leste – a tal ponto que alguns viam em risco a reeleição do deputado. “Não vou votar e não vou pedir voto para ele”, cravou Nardes.

Também perguntei ao presidente do Sindicato Rural se ele via algum indício de irregularidade no aumento patrimonial de Zeca Viana. Ele deu de ombros. “O setor em que nós trabalhamos tem bons momentos, então ele deve ter passado por bons momentos e acumulado [patrimônio]. Aqui nunca teve problema de frustração de safra”, falou, antes de se despedir me fazendo uma ameaça: “Só bota o que eu falei. Se tu mudar, tu vai ter problemas”.

‘Foi como ser patrolado’

Um dos “adversários” a que Zeca Viana se referiu é o radialista Luizinho Magalhães. Questionei-o como foi concorrer, em 2010, contra um homem com tal poder financeiro. “Foi como ser patrolado, né? Era o sentimento realmente de você ser patrolado pelo poder aquisitivo. Quem tem tanto dinheiro tem uma musculatura diferente para fazer campanha”, admitiu. Patrola, no linguajar sulista, é uma máquina usada para aplainar estradas rurais. No sentido figurado, segundo o dicionário, significa “devastar, dizimar”.

Para se ter uma ideia, o segundo candidato mais rico na Assembleia Legislativa do Mato Grosso, Dilmar Dal Bosco, do DEM, que também concorre à reeleição, tem um patrimônio declarado de R$ 19,8 milhões – o equivalente a 8,6% da fortuna de Zeca.

‘O governador só está no cargo porque levei ele pelo estado inteiro no meu avião e ele nunca pagou um litro de gasolina.’

Zeca Viana se esquiva ao ser perguntado se o dinheiro lhe facilita o trabalho de coletar votos. “Até atrapalha. Porque as pessoas acham que, se você tem dinheiro, então pode dar”, respondeu. “Eu ia falar [o que eleitores pedem], [mas] não vou porque senão vai ficar gravado o que eles tão pedindo. Mas acho que vão pedir até o final da campanha”, prosseguiu, gargalhando.

Ele também abusa da fanfarronice ao falar da própria influência política. “Esse governador atual [Pedro Taques, do PSDB] só está no cargo porque eu tive uma grande participação na campanha dele, levei ele ao estado todo com meu avião, e ele nunca me pagou um litro de gasolina”, contou. O avião é um Beechcraft Baron 58, ano 2000, declarado por R$ 560 mil em 2014. No mercado, entretanto, o valor é maior: um exemplar do tipo fabricado em 1974 custa R$ 850 mil, e os modelos da década de 1990 saem por mais de R$ 1 milhão.

O que amargura o deputado não foi ter gasto o dinheiro para abastecer o avião, mas a rusga que se seguiu à posse do governador. “Logo no início do governo [de Pedro Taques], estávamos discutindo sobre cargos [de confiança em órgãos públicos] no interior, [e pedi] para darmos preferência a nossos companheiros de coligação. E ele optou por favorecer um adversário nosso”, disse Viana.

A “familiocracia” dos Viana

Hoje há mais Vianas na política local. A sobrinha-neta dele, Renata Viana, candidatou-se a deputada federal. Recebeu uma força do tio – seu número está no santinho dele. A mulher de Zeca, Ivanir Maria Gnoatto Viana, é vereadora em Primavera do Leste. Elegeu-se para o primeiro mandato em 2016, graças à força do sobrenome – além de contar com Zeca como cabo eleitoral, Getúlio disputou a eleição para prefeito da cidade – e venceu.

Também há reveses políticos na conta da família. Mesmo tendo ganhado nas urnas, Getúlio já havia sido condenado por improbidade administrativa e acabou tendo o mandato cassado após oito meses. Apesar disso, é defendido com vigor pelo irmão deputado.

“Getúlio revolucionou esta cidade. Foi muito dedicado, tanto que 98% dos processos que respondeu na Justiça foi por querer atropelar a fazer as coisas, não aguardar o sistema. Ele é muito corajoso e tem uma ótima visão administrativa. Tanto que deixou a cidade como deixou, um espetáculo”, argumentou. Telefonei a Getúlio Viana pedindo uma entrevista, mas ele se recusou- a falar com o Intercept.

‘Ganância de poder nunca passou nem vai passar na minha cabeça.’

Zeca Viana também não se abalou quando o confrontei com denúncias contra ele. Uma investigação recente do Ministério Público o coloca como suspeito de usar notas fiscais frias para justificar o pagamento de R$ 150 mil em verbas indenizatórias da Assembleia Legislativa. “Eu acho que deveria estar precisando, R$ 150 mil, é muito dinheiro”, ele respondeu, me ironizando, antes de retomar a seriedade. “É muito dinheiro, não deixa de ser, mas é isso que ia me levar a fazer qualquer coisa errada. Teria que ser, talvez, 150 milhões pra cima, daí o cara começar a pensar”, riu, antes de atribuir a suspeita a uma armação do adversário Pedro Taques.

Os Viana se orgulham muito do trabalho que fazem na política local, uma autoconfiança que gera críticas. “Na visão deles, ninguém presta, só eles”, disse o radialista Luizinho Magalhães, quando o perguntei como descreveria o jeito de fazer política do clã. Um comentário que ouvi de várias outras pessoas na cidade, inclusive de José Nardes. “No momento em que entra na política, você tem que trabalhar pelo teu município, teu estado, teu país, e esquecer o resto, os laços de amizade. Isso não aconteceu com nosso amigo, o deputado Zeca Viana.”

“Eles estão implantando uma familiocracia por aqui”, resumiu um adversário dos Viana, que pediu para não ser identificado temendo represálias – um comportamento comum na cidade. O atual prefeito, Leonardo Bortolin, do MDB, e Érico Piana, adversário histórico da família, recusaram meus pedidos de entrevista após saberem qual seria o tema delas.

Um funcionário público me disse que a família Viana tem por hábito retaliar quem vê como adversário na política. “Ou você está com eles, ou não está. Até servidores de carreira são perseguidos por terem ajudado nas gestões dos rivais”, contou-me, naturalmente pedindo anonimato.

“Ganância de poder nunca passou nem vai passar na minha cabeça”, respondeu Zeca Viana, antes de se contradizer. “Não me vejo como prefeito de Primavera nunca. [Mas] Não posso lhe dizer também que não vou ser. De repente vem aquela pessoa que você não quer, indesejada, na cidade que você mora, que ajudou a construir, e não quer ver mal administrada. Então, é possível fazer até um sacrifício.”

*Chegamos ao nome de Zeca Viana por meio de um levantamento feito a pedido do Intercept na base de dados do Tribunal Superior Eleitoral pela Open Knowledge, organização sem fins lucrativos que construiu a plataforma Perfil Político. Foram considerados políticos de cidades de até 100 mil habitantes eleitos em 2014 e que assumiram em janeiro de 2015 cujo patrimônio era superior à média geral dos candidatos declararam ao TSE, que foi de R$ 388.826,86 em 2014.

 
 
Investigações apontam desvio de mais de meio milhão na Assembleia

As fraudes na verba indenizatória teria acontecido entre os anos de 2012 a 2015

As investigações que resultaram na operação “Déjá vu” , desencadeada nesta quinta-feira (02/08), em Cuiabá, apontam para um desvio de mais de meio milhão de reais com esquema de supostas notas frias para prestação de contas referentes a pagamentos de verbas indenizatórias na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso.

As fraudes, que estão sendo apuradas pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por meio do Núcleo de Ações de Competência Originária (NACO – Criminal), e Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (GAECO), teriam sido cometidas por atuais e ex-deputados estaduais, entre os anos de 2012 a 2015.

Entre os investigados estão o  presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho, e os deputados da atual legislatura Ondanir Bortolini, José Antônio Gonçalves Viana e Wancley Charles Rodrigues de Carvalho, além dos ex-deputados, Emanuel Pinheiro, atual prefeito da Capital, e José Riva.

 
Nesta quinta-feira, após cumprimento de quatro mandados de busca e apreensão nas dependências da  Assembleia Legislativa, os responsáveis pela investigação tiveram acesso a diversos documentos relativos às prestações de contas das verbas indenizatórias. Os promotores de Justiça esclarecem que a medida judicial foi necessária em razão dos gestores da Assembleia terem se recusado a entregar os documentos, alegando que não haviam encontrado nada relativo ao assunto.
 
Os pedidos de busca e apreensão foram feitos nos autos de inquérito policial instaurado a partir do desdobramento de investigação em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF)  e com base em depoimentos de servidores e  empresários que confirmaram ter emitido notas frias a deputados. Estão envolvidas no esquema, as empresas GB de Oliveira Comércio ME, HC da Costa Campos e Cia Ltda ME, VPS Comércio ME e VH Alves Comércio ME.

Até o momento, o MPE já teve acesso a aproximadamente 90  supostas notas frias, que tiveram como destinatários os deputados citados na investigação. No período das emissões desses documentos, estava em vigor a Lei Estadual 9.493/2010, que instituía a verba indenizatória, paga mensalmente a membros do Poder Legislativo, de forma compensatória às despesas inerentes a suas atividades.

A partir de agora, o MPE analisará os documentos para definir os rumos e as medidas a serem adotadas. As investigações buscam a obtenção de provas para  apuração dos crimes de associação criminosa, supressão de documentos e peculato.
 
Fiscal da Receita suspeito de pedir R$ 23 milhões de propina é preso

A PF (Polícia Federal) e a Receita Federal deflagraram hoje a “Operação Probitas” em São Paulo. Na operação, foram cumpridos três mandados de busca de apreensão na capital. Um auditor fiscal da Receita, acusado de pedir R$ 23 milhões de propina, foi preso em São Sebastião, litoral norte de São Paulo. A operação tem o objetivo de investigar crimes de corrupção realizados por servidores da Receita Federal no estado de São Paulo. A investigação teve início em março deste ano depois de um empresário denunciar que estaria sofrendo chantagem de um auditor da Receita que atua na capital paulista.

Com o início das investigações, a PF confirmou a veracidade da fala do empresário. O auditor da Receita foi acusado de exigir cerca de R$ 23 milhões de propina para deixar de autuar o estabelecimento do empresário que passava por uma fiscalização tributária. O fiscal foi preso na manhã de hoje. Os quatros alvos da operação poderão responder pelos crimes de organização ou associação criminosa e crime de corrupção.

 

API mantém diretores sob suspeita

O advogado Sérgio de Azevedo Redó soterrou a Associação Paulista de Imprensa e ergueu no lugar dela o seu reduto particular e perigoso. Ali, ele é assessorado por diretores condenados pela Justiça ou sendo processados por corrupção, crime estranho aos riscos inerentes às atividades jornalísticas

Sérgio Redó transforma a A.P.I. em QG de falcatruas

Vitimada por um sistema nocivo de descaracterização na sua estrutura organizacional, ética e moral implantado pelo advogado Sérgio de Azevedo Redó, a Associação Paulista de Imprensa (API) nem de longe lembra mais a “Casa do Jornalista de São Paulo”; a espinha dorsal da sua criação, em 1933. A entidade está desabonada e abriga pessoas estranhas à área da comunicação, pondo em xeque a sua confiabilidade.

Devagar e em surdina o pseudopresidente Sérgio Redó – a legalidade do mandato dele é contestada na Justiça –, montou na API uma diretoria onde o que falta de jornalistas sérios, sobra em vigaristas e trapaceiros. Ela foi formada após a eleição de 12 de novembro de 2016, quando o advogado sequer tinha chapa completa para concorrer e conta com nomes cujas fichas criminais fazem inveja à máfia siciliana.

A diretoria que Redó formou na API abriga elementos de alta periculosidade. Tem delegado de Polícia suspeito de cobrar dinheiro de prefeitos para premiar cidades pobres, indivíduos processados em várias esferas judiciais; ex-prefeito respondendo a mais de 80 ações e condenado por exigir propina para privilegiar empresa na contratação de serviços de limpeza urbana; advogado sentenciado a oito anos de prisão por participar da máfia dos fiscais em São Paulo.

Fato é que a constituição medular da API está severamente comprometida, pois ela virou uma instituição privada, cujo dono, Sérgio Redó, mantém ligações perigosas com elementos do submundo e que, resgatados por ele, comandam hoje a antiga Casa do Jornalista. A entidade já vinha servindo de palco para os negócios desonestos do pseudopresidente, mas agora parece ter se transformado num perigoso QG do crime organizado.

As informações trazidas aqui sobre as figuras desonestas que o pseudopresidente alojou na API a fim de formar a tal diretoria que ele não tinha no período da eleição já estão publicadas em vários jornais, blogs e sites, inclusive no portal Transparência do Ministério Público Federal (MPF). O que não era do conhecimento público, até agora, é que esses corruptos hoje estão com Redó e junto com ele tomaram conta da Associação Paulista de Imprensa.

Aliado de Redó homenageia membro do Cartel de Sinaloa

Na era Sérgio Redó, A.P.I. sedia evento de Regino Barros, acusado de conceder honrarias até para narcotraficante

No dia 25 de agosto passado o presidente fictício Sérgio Redó transformou a API em palco para sediar um evento patrocinado pelo comendador Regino Barros da Silva Neto, que “premiou” com o título falso de “chanceler brasileiro” nos Estados Unidos – o título é privativo do ministro das Relações Exteriores –, o meliante Daniel Fernandes Rojo Filho. Rojo é acusado pela agência antidrogas americana (DEA) de integrar o Cartel de Sinaloa, organização criminosa de narcotráfico no México.

Pois bem, Regino Barros, padrinho de Rojo Filho, o integrante do Cartel de Sinaloa, um sindicato do crime considerado tão ou mais perigoso que o Cartel de Cáli e o antigo Cartel de Medellín, na Colômbia, é agora aliado de Redó; é diretor de Heráldica, Honrarias e Mérito da API. O evento do dia 25 é realizado por ele no salão nobre da sofrida entidade.

O mais curioso: órgãos de segurança americanos descobriram que Rojo Filho, membro de uma organização de crime organizado internacional e amigo do diretor de Redó que dia 25 de agosto faz evento na API, é uma importante conexão do Cartel de Sinaloa para estender seus tentáculos no Brasil.

A matéria completa sobre as falcatruas de Regino Barros e Rojo Filho pode ser lida no site de Apublica.org – Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo –, onde foi publicada em 14 de fevereiro de 2014 e está assinada pelos jornalistas Anabel Hernández e Philippe Engels.

Governador-tampão do DF fez de Regino Barros comendador

Quatro anos após a publicação desta reportagem Regino Barros encaminhou a esta jornalista, há duas semanas, documentos provando ser ele um comendador de fato e de direito. O título lhe foi concedido em 2010 pelo então governador-tampão do DF, Rogério Schumann Rosso (PSD).

Rogério Rosso, que ficou no Governo oito meses, virou manchete acusado de cobrar propina de R$ 12 milhões pelas obras do Estádio Nacional Mané Garrincha – ele teria recebido R$ 500 mil do montante –, e deixou o cargo amargando míseros 29% de aprovação popular, admitiu Regino Barros ainda na Ordem do Mérito Brasília no Grau de Grande Oficial.

Os papéis enviados a esta repórter não tem, contudo, o poder de reescrever a história. O fato é que Regino Barros condecorou com o título falso de “chanceler brasileiro” nos Estados Unidos – o título é privativo do ministro das Relações Exteriores –, o narcotraficante Daniel Rojo Filho, acusado pela Agência Antidrogas Americana (DEA) de integrar o Cartel de Sinaloa, perigosa organização criminosa de narcotráfico no México.

Fato mais estranho ainda: A versão de Regino Barros surge três semanas depois que o advogado Sérgio Redó – pseudopresidente da Associação Paulista de Imprensa –, perdeu o recurso especial impetrado para tentar reverter o resultado desfavorável a ele em 2ª instância no processo movido contra o jornalista Pedro Nastri e eu, por termos denunciado as falcatruas que pratica na presidência da A.P.I.

Além de cópia do título de comendador concedido por Rogério Rosso, Regino Barros enviou cópia de um Boletim de Ocorrência que ele lavrou na 4ª Delegacia de Polícia Civil de São Paulo em julho de 2020. Ele reclama à Polícia estar sendo vítima das reportagens sobre o envolvimento com Daniel Rojo, mas não diz uma palavra sobre retirar do narcotraficante do cartel de Sinaloa o título que não o pertence.

MPE denunciou Cesar Neto por ser funcionário fantasma

Membro efetivo da famigerada diretoria de Redó, o jornalista César Signorini Neto já foi denunciado pelo Ministério Público por ser funcionário fantasma quando atuava como assessor de imprensa na Secretaria de Governo, ocupando cargo que não existia oficialmente. Ele foi acusado pelo promotor de Justiça Luiz Salles do Nascimento, que atuou no processo, de prestar serviço particular, mas receber dinheiro público.

A mamata conseguida por César Neto aconteceu na década de 90, depois que ele foi contratado sem fazer concurso pela Prodam – Companhia de Processamento de Dados do Município. Por causa da maracutaia, a Justiça bloqueou bens dele e exigiu a devolução do dinheiro recebido ilegalmente por César Neto, que agora faz parte da direção da API na era Redó.

O estranho Departamento de Segurança Privada da API (?!) não poderia estar melhor representado, pois tem como diretor o advogado e ex-vereador José Izar. Ele, junto com o irmão, foi condenado a oito anos de prisão, sem direito de recorrer em liberdade, por participação na máfia dos fiscais em São Paulo.

O escândalo envolvia o pagamento de propina durante a gestão de Celso Pitta na Prefeitura, entre 1996 e 2000. À época, o Judiciário paulista condenou José Izar, o atual diretor de Redó para a segurança privada, por extorsão praticada por funcionário público, e entendeu que nesse tipo de crime, José Izar não poderia recorrer da sentença em liberdade. A matéria está no site do Bol Notícias.

Diretor da API viola Lei de Acesso à Informação!

José Viana: Contra informação

A matéria do diretor de Patrimônio da API está no portal Transparência do MPF e reforça a tese de que Redó não poderia escolher nome melhor para cuidar do patrimônio desaparecido da API, e para fazer trincheira junto com ele contra a liberdade de imprensa. O pseudopresidente caprichou ao escolher a sua turma e, por isso, não é exagero dizer que ela causa inveja à máfia Siciliana.

O diretor de Patrimônio da API, José Augusto Viana Neto, responde processo no Ministério Público Federal (MPF), por violação da Lei de Acesso a Informacao (Lei número 12.527/11); sendo réu em Ação por Improbidade Administrativa.

José Neto preside o Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 2ª Região (Creci/SP) e se recusou a disponibilizar no site do órgão, a relação detalhada de servidores e dirigentes e suas respectivas remunerações, como determina a legislação.

A matéria do diretor de Patrimônio da API está no portal Transparência do MPF e reforça a tese de que Redó não poderia escolher nome melhor para cuidar do patrimônio desaparecido da API, e para fazer trincheira junto com ele contra a liberdade de imprensa. O pseudopresidente caprichou ao escolher a sua turma e, por isso, não é exagero dizer que ela causa inveja à máfia Siciliana.

Vice-presidente da API e as suas premiações duvidosas

Arnaldo Acbas de Lima, 5º vice-presidente da API, delegado de Polícia, político, e presidente da Associação Nacional dos Prefeitos e Vice-Prefeitos (ANPV), também foi manchete na imprensa para tentar explicar quais são os critérios utilizados na escolha das cidades premiadas pela entidade comandada por ele, e como os chefes dos legislativos municipais pagam pelas honrarias.

A ANPV costuma agraciar, mediante a “colaboração” financeira dos prefeitos, municípios paupérrimos e de baixíssima qualidade de vida socioeconômica. À Folha de S. Paulo, edição de dois de agosto de 2010, a entidade de Arnaldo Acbas admitiu que parte das cidades premiadas tem índices “abaixo do desejável”, mas negou usar o cargo de delegado como forma de pressionar os prefeitos a pagarem pelas premiações.

A Revista Prefeitos e Vices, da ANPV, presidida também por Arnaldo Acbas, foi o pivô de uma discussão calorosa na API, entre Sérgio Redó e Pedro Nastri, e foi assistida por esta repórter, que à época trabalhava na entidade. O jornalista Nastri se irritou quando Redó, em reunião com a diretoria para prestar contas da receita e das dívidas da API, usou todo o tempo para divulgar a revista de Arnaldo Acbas, onde havia uma matéria paga, de várias páginas, de autopromoção do pseudopresidente.

Em julho do ano passado Arnaldo Acbas foi entrevistado por Redó no programa Sala de Imprensa, da API. Acbas, hoje vice-presidente da API, também já foi processado pelo Ministério Público Federal (MPF), por usar o brasão da República no símbolo da ANPV. A Justiça arquivou o processo, registra a Folha de S. Paulo.

Diretor da API é condenado por malversação de dinheiro público

Na ilegal e perigosa diretoria formada por Sérgio Redó, na calada da noite e fora do prazo do processo eleitoral, encontra-se outro fora da lei, o ex-prefeito de Avaré, Rogélio Barcheti Urrêa, diretor de Infraestrutura, Logística e Sustentabilidade.

Na era Redó, Barcheti está no cargo certo, pois ele responde a mais de 80 processos judiciais, quase todos por improbidade administrativa – ato ilegal, desonesto, desleal praticado com o dinheiro do povo –, cometido quando estava à frente da prefeitura.

Em 2015, Rogélio Barcheti foi condenado pela Justiça depois que ficou provado o desvio de R$ 110 mil dos cofres de Avaré por meio do esquema corrupto onde uma empresa era obrigada a pagar propina para prestar serviços de roçadas e limpeza no município. O escândalo está publicado no jornal A Bigorna, edição 30 de maio de 2015.

O Judiciário condenou Rogélio Barcheti a ressarcir os cofres de Avaré e a pagar de multa. Ele foi condenado com a perda da função pública; a suspensão dos direitos políticos por 10 anos, além da proibição de contratar com o Poder Público, dentre outras punições.

A sorte de Rogélio Barcheti é existir na API um inescrupuloso Sérgio Redó usurpando o poder, e que para não perdê-lo por falta de jornalistas dispostos a compor chapa com ele, não hesitou em buscar no submundo pessoas com a mesma confiabilidade de uma nota de três reais. Só por isso, o ex-prefeito de Avaré está devidamente acomodado na direção da Associação Paulista de Imprensa.

Fonte: https://jednasantos.jusbrasil.com.br/noticias/494897743/api-mantem-diretores-sob-suspeita

Declaração de advogado isenta Malafaia de culpa na Operação Timóteo

Da Redação JM Notícia

 

O advogado Jader Alberto Pazinato, acusado de participar de um esquema de corrupção em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral, deu uma declaração que pode inocentar o pastor Silas Malafaia.

Em 2013, Pazinato deu uma oferta de R$ 100 mil ao pastor evangélico e por conta do depósito desse cheque, Malafaia passou a ser investigado por lavagem de dinheiro.

Acontece que o advogado negocia colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República na Operação Timóteo e se comprometeu em dar informações sobre os funcionários do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e de três conselheiros do Tribunal de Contas do Pará.

Sobre Malafaia, segundo a revista Isto É, o advogado não deu informações, pois o dinheiro dado ao religioso como oferta não fazia parte do esquema de corrupção, ou seja, era limpo. “O pastor não tinha como desconfiar de lavagem alguma”, dizem os interlocutores do advogado.

A fala de Pazinato e seus representantes é a mesma usada pelo líder religioso que viu seu nome envolvido em um escândalo e até mesmo foi conduzido de forma coercitiva para prestar esclarecimentos na Polícia Federal.

Em vídeo, Malafaia volta a se defender e mostrar seu imposto de renda onde ele declara a oferta recebida. “Isso foi uma bandidagem para me denegrir. Você acha que se fosse lavagem de dinheiro eu depositaria o cheque na minha conta e declararia no imposto de renda?”, afirma.

Assista: 

 

Adolescente morre atropelada em Santa Maria – RS

Vítima de 16 anos foi atingida por carro enquanto estava na calçada. Outro jovem se feriu

Uma adolescente morreu e pelo menos uma pessoa ficou ferida em um acidente na madrugada deste domingo no centro de Santa Maria. 
Segundo registro policial, passava um pouco das 3h, quando uma caminhonete que andava pela Rua Serafim Valandro, depois de passar pela Venâncio Aires, em frente a uma boate, subiu na calçada atropelando pelo menos dois pedestres. O veículo bateu no muro e grades de um estacionamento que fica no local.

Quando a Brigada Militar chegou ao lugar, os dois ocupantes do veículo estavam cercados por populares. Conforme ocorrência, o condutor foi identificado como o empresário Anderson Vinicios Branco Lutzer, 25 anos. Ele foi detido, apresentado na Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento, onde foi determinada a prisão em flagrante. Ainda segundo o registro, na caminhonete estava Pablo Silveira Machado dos Santos, 23, estudante universitário, que foi configurado como testemunha.

Milena Umpierre Alves, 16 anos, chegou ser a socorrida pelo Serviço de Atendimento-Móvel de Urgência (Samu), levada para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) e transferida para o Hospital Universitário (Husm), mas não resistiu aos ferimentos e morreu no fim da manhã deste domingo. Pedro Henrique da Silva Stela, 21, ficou ferido e foi atendido na UPA.

A advogada de Pablo e de Anderson, Rafaelle Taísa de Assis Fernandes, tem outra versão para o fato. Ela diz que, segundo os clientes, era Pablo quem dirigia o veículo e que Anderson estava no banco de trás, quando ocorreu o atropelamento. A advogada disse ainda que Pablo não tem Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e que teve dificuldade em conduzir a caminhonete por ser automática. Além disso, a advogada disse que a dupla estaria trafegando pela Rua Venâncio Aires e teria dobrado à esquerda na Serafim Valandro, quando, deparou com alguém atravessando a rua, em frente à casa noturna. Pablo, que estaria conduzindo o veículo, segundo a advogada, teria desviado da pessoa e perdido o controle do veículo, subindo a calçada e atropelando o casal.

Rafaelle disse que já solicitou as imagens de câmeras de monitoramento de prédios do entorno do local para comprovar que era Pablo quem dirigia o veículo. 

No registro policial consta que tanto Anderson quanto Pablo teriam “inequívocos sintomas de embriaguez” e que Anderson se negou a fazer o teste do bafômetro. Por isso, foi feito um Termo Circunstanciado.

Já Rafaelle disse que os clientes informaram a ela que tinham bebido um pouco. Segundo a advogada, na manhã deste domingo, eles aceitaram realizar o teste do bafômetro que apontou resultado negativo para ingestão de bebida alcoólica.

Milena será velada, a partir da noite deste domingo, na Igreja Pentecostal Unida do Brasil, no bairro Lorenzi, na Região Sul. O sepultamento está marcado para 14h30min desta segunda-feira, no Cemitério Ecumênico Municipal. 

Fonte: Diário de Santa Maria

Foto: Dion Ribeiro / Divulgação

Post. Luana Ferrari.